quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Homenagem


No espaço de um mês, morreram Claude Chabrol, de quem me lembrarei sempre que vir este filme, Tony Curtis, cujos papéis em Sweet Smell of Success e Some Like it Hot serão sempre, por aqui, muito estimados, Sally Menke, força dinamizadora e inestimável do cinema de Quentin Tarantino e Arthur Penn, autor de Bonnie and Clyde, aquele tal que, junto com The Wild Bunch, virou o cinema norte-americano do avesso. Péssimas notícias, portanto.


quarta-feira, 29 de setembro de 2010


O último Rivette é, como o último Resnais, reflexo de uma forma e de um pensamento plenos. Dois octogenários de uma jovialidade e talento invejáveis a filmar tristezas e alegrias, passado e futuro, traumas e amores, carros e aviões. A engrenagem e o (não) arranque são a metáfora inicial para 36 vues e os aviões e a liberdade, a final para Herbes Folles. Tudo com uma aparente e sedutora inocência, um regresso à infância. A magia e o circo, a mala e a lua, os planos antológicos, Azéma e Dussollier, Birkin e Castellito, os palhaços e os polícias. E aquelas cores. Saber filmar, como saber viver, é uma arte que se reserva aos idosos, sem dúvida. Filmes irmãos, realizadores irmãos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Planos (XIX)



36 vues du Pic Saint Loup, de Jacques Rivette

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Não é Cinema, é mais que Cinema:


Never before have the characters in a film seemed so close and yet so far away. Faced by the the deserted streets of Benghazi or the sand-dunes, we suddenly think for the space of a second of something else - the snack-bars on the Champs-Elysees, a girl one liked, everything and anything, lies, the treachery of women, the shallowness of men, playing the slot-machines. For Bitter Victory is not a reflection of life, it is life itself turned into film, seen from behind the mirror where the cinema intercepts it. It is at once the most direct and the most secret of films, the most subtle and the crudest. It is not cinema, it is more than cinema.

"I kill the living and I save the dead.."

sábado, 18 de setembro de 2010

As metáforas de Fellini



E La Nave Va sofre da disparidade formal de que muitos dos filmes de Fellini sofrem, principalmente a partir da década de 70. É perfeitamente possível que seja consciente da parte dele, aliás, não duvido que seja, mas "puxa-me um bocado para trás". No entanto, isto não impede que haja momentos fulgurantes espalhados por toda a sua obra. E que os há, há.

Esta sequência é um desses momentos. Explorando a diferença entre dois mundos, o que serve e o que é servido, vemos que o primeiro é drasticamente "real" e o segundo vive da aparência e da hipocrisia. E vemos isso através da transição do rápido para o lento, da cozinha para as mesas. Pobreza/Riqueza, realidade/aparência, a metáfora é riquíssima e infinita em interpretações.

Ou seja, Fellini só me interessa quando explora a disparidade temática, sim, mas através de um perfeito e coerente pensamento formal. Otto e Mezzo e estes pequenos rasgos de génio (espalhados por toda a obra) são o seu testamento para o mundo.

Não duvido que hajam transições e cortes, em Fellini, a abalar o todo, profundamente.

domingo, 12 de setembro de 2010

domingo, 5 de setembro de 2010

Petição (II)


I

Mais novidades em relação à Petição pelo regresso da exibição regular de cinema à RTP2, iniciada por Luís Mendonça e Miguel Domingues e que conta com o Carlos Natálio, o Ricardo Lisboa, a Cláudia Silvestre, o Carlos Ferreira e este que aqui vos escreve, no grupo redactor: Já tem blogue, já tem página no Facebook e, mais importante, já se pode assinar, aqui.

Este fim de semana, a Sessão Dupla debruçava-se, presumo eu, na cidade de Lisboa e suas convulsões políticas e sociais, nos anos 40. Era uma cidade idílica para refugiados políticos e tornou-se palco de espionagem e segredos, devido à neutralidade portuguesa, na 2ª Guerra Mundial. Eu percebi isto ao ler as fichas (desactualizadas, refira-se) dos filmes, que eram o Casablanca e o Passagem por Lisboa, de Eduardo Geada. Ignorando a enésima exibição do primeiro, o tema é interessantíssimo mas não há uma única referência ou contextualização no site ou página do Facebook* (eheh, o Facebook tem tudo) do canal, perdendo-se assim a oportunidade de elucidar o espectador nesse sentido (fossem documentários ou testemunhos ou, mesmo, uma apresentação temática antes dos filmes).

* curiosamente, as séries e documentários são referidos constantemente, na página..

"Lisbon", de Ray Milland, filme de espionagem de 1956, com esta exacta temática

sábado, 4 de setembro de 2010

"Les 400 Coups" - 1959



O filme do Truffaut é belíssimo, obviamente. Descreve os refúgios físicos e espirituais de um rapaz que não se identifica com a família nem com a sociedade (são esses refúgios que o salvam, foram esses refúgios que salvaram Truffaut). Original, trágico, universal e terno, disse Godard - não vale, portanto, muito a pena insistir na repetição da coisa.

Digo isto, então; Dedicado a Bazin e remetendo a um passado estético francês (Vigo, Balzac, Cocteau, Renoir), italiano (Sica e Rossellini) e americano (Ray, Welles...), e é o americano que me interessa aqui analisar, Les 400 Coups filma a liberdade impossível de um adolescente no seu meio, como Ray a filmara inúmeras vezes, de They Live By Night a Rebel Without a Cause. Mas no plano final, expondo Doinel a uma interrogação passado/futuro (a praia é símbolo da transição, ele torna-se adulto nesse momento), a liberdade emocional é possível. Não há amarras. Não há estúdios, também. A liberdade impossível de Ray e Welles torna-se a liberdade possível de Truffaut, Rivette e Godard (e outros), passa-se o testamento e renova-se o Cinema, o plano tem tanto de emocional como do ano de 1959, digo até que o plano é o ano de 59, resume as suas convulsões, perfeitamente. O plano é a interrogação literal de Doinel, mas também a interrogação metafórica e cinematográfica de Truffaut, o plano é a Nouvelle Vague e a questão da sua praticabilidade.

Eu já desconfiava, e agora confirmo, que Les 400 Coups é, dos filmes-berço do movimento, o que melhor o simboliza; ainda adoro desmedidamente o do Resnais, obviamente. O do Godard é do Godard, é o que consigo dizer...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Planos (XVIII)



"Les 400 Coups", de François Truffaut

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Planos (XVII)


o mais belo plano do mundo..


"The Searchers", de John Ford