segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Uma Viagem Pelo Musical - 7




O Musical, na década de 80, atravessava a maior crise de sempre. E daí em diante, nunca mais foi o mesmo: durante os quase 30 anos que este "post" aborda, os Musicais "andavam" entre o medíocre e o meramente interessante - da nulidade da obra de Alan Parker (sejam musicais ou não, se bem que não tenhaa visto "Evita") ao mais que péssimo "Mamma Mia", passando pelas interessantes (re)visões que são "Chicago" e "Moulin Rouge" (mas a anos luz de "New York, New York", por exemplo). Para grande infelicidade minha, não vi os últimos Musicais de Jacques Demy, nem a única incursão de Jacques Rivette pelo Musical: "Haut Bas Fragile", de 1995.


Se bem que o legado do Musical se fizesse sentir em muitos filmes fora do género (bons e maus) - da obra de Fernando Lopes à de Moretti, passando pelos videoclips e as filiações que alguns artistas pretendiam marcar com stars dos "fifties": "Material Girl" de Madonna (Monroe e "Gentleman Prefer Blondes") e "Smooth Criminal" de Michael Jackson (Astaire e "The Band Wagon"). 
No panorama de mediocridade e mero interesse destes anos, 4 obras se destacaram. Grandes Musicais? Não, se bem que para um me restem ainda dúvidas, por ter sido feito por um génio.
1. "School Daze" de Spike Lee, de 1988. É o segundo filme de um realizador que, acredite-se ou não, está bastante ligado ao Musical - "She`s Gotta Have It" (o primeiro de Lee) tinha já um número musical e "Malcolm X", na sua imensa confluência de géneros, tinha alguns, também. "School Daze" é o anti-Fame (estreou agora o remake) e o anti-Grease, o anti-praxe. É o anti-simplicidade (seja das emoções ou da sociedade), mas não é, infelizmente, mais que isso. Não é o pior filme de Lee, mas está abaixo dos grandes momentos do talentosíssimo cineasta de Nova Iorque ("She`s Gotta Have It", "Do The Right Thing", "Jungle Fever", "Malcolm X" e "The 25th Hour").


2. "Everyone Says I Love You" de Woody Allen, de 1996. O título referencia uma canção dos irmãos Marx e o filme é, todo ele, uma homenagem ao Género sem, ainda assim, deixar de ser eminentemente "alleniano".


3. "Dancer In The Dark" de Lars Von Trier, de 2000. Chama-se assim para referenciar o número "Dancing in the Dark" (com Astaire e Charise), em "The Band Wagon". Ganhou a Palma de Ouro em Cannes, e encerrou o Milénio em onda de tristeza e fatalismo.

* e no que toca a Trier já estou como diz Jacques Rivette, o gajo sabe que tem talento, mas vive (e há de viver sempre) à sombra de Dreyer. O que não quer dizer que não tenha feito pelo menos uma obra-prima, Dogville.


4. "Pas Sur La Bouche" de Alain Resnais, de 2003. Resnais é um génio, e é por isso que me custa não gostar deste filme como gostei (adorei!) de "Hiroshima Mon Amour" ou "Providence". Adapta um livreto dos anos 20 e é moderníssimo. Filme de público sem deixar de ser de autor (a distinção não faz aqui sentido), e na melhor tradição do Cinema de Lubitsch - Resnais passou, até, um filme do alemão durante as rodagens. Comédia de costumes, divertimento ou momento de lazer de um dos maiores cineastas de sempre? Genial? Agora não consigo responder, mas sei que é melhor que os outros três filmes deste sétimo "post".


Fim da 7ª Parte

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